Eu ainda lembro a sensação de estar indo embora do Brasil. Quando entrei no avião no dia sete de setembro de 2009, no aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre, lembro de ter visto a cidade de cima com os meus olhos já muito mais do que embaçados e aquele sentimento de “vou sentir saudades” e “daqui há um ano te vejo de novo, Porto Alegre”. Eu sou nascida em Porto Alegre, mas não fui criada lá, apesar de muitas visitas ao Parque da Redenção e Iguatemi quando era criança, só acabei descobrindo um amor pela cidade desessete anos depois. Aquele até logo que senti, hoje pra mim significa um “até daqui há pouco”. Há pouco tempo eu descobri que há um sentimento bem pior do que esse, é o sentimento de “até sabe-se Deus quando”, ou um “até nunca mais”. Washington DC vai deixar muita saudade, mas principlamente as pessoas que aqui eu conheci. Ontem à noite foi a minha despedida em um dos meus lugares favoritos aqui pra sair à noite, chorei assim que pisei lá dentro e as meninas me deram presentinhos de Good-Bye, a carta eu nem consegui ler ainda. Guardei na mala, vou ver se leio no avião ou quando chegar em casa, talvez até ainda hoje se eu tiver coragem.
O que é ser Au Pair? Não sei, não me perguntem. É a mesma coisa que responder o que é o amor, para cada um é um sentimento diferente, uma definição diferente. Eu sei que curti muito mesmo o meu ano e meio longe de casa, que vou sentir muita falta disso e que chorei ao dizer tchau pra minha família aqui. Esse sentimento de “eu quero chorar” parece estar preso em mim, mas sei que logo o trocarei pela euforia de estar de volta, de estar em casa, de ver o avião chegando em Porto Alegre, passando por cima do Guaíba, vendo a ponte, a linha do metro, o cais do porto. Ontem ouvi uma frase interessante, uma pessoa que tinha conhecido na minha despedida me disse que os gaúchos nunca ficam. Verdade? Não sei, só sei que conheço duas gaúchas que vieram e ficaram, mas realmente, gaúchos estão em minoria nos Estados Unidos, mas é porque o Rio Grande também é muito bom!! E o que é ser Au Pair? Com certeza, não é limpar bunda de criança, como há muito disse o meu pai, ser Au Pair é ser corajosa, valente, vitoriosa, é crescer, viver, conhecer e, mais do que tudo, aprender. Pelo menos é isso que foi pra mim. Hoje sou outra pessoa? Não, mas hoje tenho mais coragem de pensar mais do meu jeito e menos do dos outros, hoje conheço as pessoas melhor e já não choro mais assistindo ao Rei Leão. Ainda assim choro, como todo mundo, limpando a alma.
Obrigada a quem acompanhou o blog. E não, esse não é o último post, mas ainda é o último escrito diretamente dos Estados Unidos.
xoxo